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Existe um céu estrelado sobre sua cabeça

  • Foto do escritor: Ca Côrtes
    Ca Côrtes
  • 25 de mar.
  • 2 min de leitura

São Paulo, 21h26, uma das primeiras noites de outono de 2025. Olho pela grande janela da minha sala e vejo muitos pontos de luz lá fora. De cima a baixo, as luzes das janelas dos prédios se misturam aos pontos luminosos do céu.



Depois de um dia cheio de trabalho, a cabeça dói, o corpo está meio dolorido — resultado da dor crônica causada pelos treinos na academia. Mas está tudo dentro dos costumes: os pequenos estresses de um abençoado dia normal.



Quando a casa silenciou, deitei no colchão, coloquei uma música para relaxar e olhei para o céu. A ambiência estava perfeita para deixar a mente flutuar. Fiquei, por uma música inteira, sonhando acordada — até me dar conta de que esse momento não vai voltar. É melhor eu aproveitar o meu aqui e agora.



Sonhar é ótimo, é necessário. Te dá um gás para viver cada dia em busca dos seus objetivos. Construir um futuro desejado é bom, te dá direção. Mas aproveitar o momento em que se está trilhando esse caminho é um privilégio. Te tira da roda de hamster e da armadilha de uma busca que vira a única razão de viver — e que, quando se concretiza, parece esvaziar o sentido da vida. No meio dos meus devaneios, soltei um “obrigada, Deus”.



“Obrigada pelo quê? Nem cheguei lá ainda”, pensei. Mas agradeci por poder trabalhar e, depois de um dia de demandas entregues, conseguir separar o trabalho da vida pessoal e curtir minha família. Agradeci pelo meu relacionamento duradouro e por, enquanto ainda não estamos casados, podermos aproveitar o aconchego da primeira família. Agradeci por conseguir ter alguns minutos de sossego, por saber contemplar os momentos de solitude e por deixar que uma boa música me transporte.



Esses tempos não voltarão. O que vem pela frente, cremos e desejamos que sejam bons tempos também, é claro. Mas a beleza do porvir não exclui a do agora. Ainda assim, muita gente fecha os olhos para o céu que repousa sobre a cabeça hoje e olha cegamente para um futuro vazio.



O céu de outono, no ano de uma conquista, não invalida a beleza do céu de hoje. Já escrevi sobre respeitar as fases da vida, mas volto a esse tema porque, conforme os dias passam, fica cada vez mais claro: cada instante tem sua importância. E talvez, sem este momento presente, não seríamos capazes de suportar o que ainda está por vir.


São 22h02, muitas luzes já se apagaram, mas o céu continua brilhando.


 
 
 

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©2022 por Ca Côrtes.

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